domingo, 19 de setembro de 2010

as sereias

Eram filhas do rio Aqueló e da musa Calíope. Ordinariamente contam-se três: Parténope, Leucósia e Lígea, nomes gregos que evocam as idéias de candura, brancura e harmonia. Outros lhes dão os nomes de Aglaufone, Telxieme e Pisinoe, denominações que exprimem a doçura de sua voz e o encanto de suas palavras.

Conta-se que, no tempo do rapto de Prosérpina, as Sereias foram à terra de Apolo, a Sicília, e que Ceres, para puni-las por não haverem socorrido sua filha, transformou-as em aves.

Ovídio, ao contrário, diz que as Sereias, desoladas com o rapto de Prosérpina, pediram aos deuses que lhes dessem asas para irem procurar sua jovem companheira por toda a terra. Habitavam rochedos escarpados às margens do mar, entre a ilha de Capri e a costa da Itália.

O oráculo predissera às Sereias que viveriam tanto tempo quanto pudessem deter os navegantes à sua passagem. Mas, desde que um só passasse sem para sempre ficar preso ao encanto de suas vozes e de suas palavras, elas morreriam. Por isso essas feiticeiras, sempre em vigília, não deixavam de deter com sua harmonia todos os que chegavam perto delas e cometiam a imprudência de escutar seus cantos. Elas tão bem os encantavam e seduziam que eles não pensavam mais em seu país, em sua família, em si mesmos. Esqueciam de beber e de comer, e morriam por falta de alimento. A costa vizinha estava toda branca dos ossos daqueles que assim haviam perecido.

Entretanto, quando os Argonautas passaram em suas paragens, elas fizeram vãos esforços para atraí-los. Orfeu, que estava embarcado no navio, tomou sua lira e as encantou a tal ponto que elas emudeceram e atiraram os instrumentos ao mar.

Ulisses, obrigado a passar com seu navio diante das Sereias, mas advertido por Circe, tapou com cera os ouvidos de todos os seus companheiros, e se fez amarrar, de pés e mãos, a um mastro. Além disso, proibiu que o desatassem se, por acaso, ao ouvir a voz das Sereias, exprimisse o desejo de parar. Ulisses, mal ouviu suas doces palavras e suas promessas sedutoras, apesar do aviso que recebera e da certeza de que morreria, deu ordem aos companheiros que o soltassem, o que felizmente eles não fizeram. As Sereias, não tendo podido deter Ulisses, precipitaram-se no mar, e as pequenas ilhas rochosas que habitavam, defronte do promontório da Lucárnia, foram chamadas Sirenusas.

As Sereias são representadas ora com cabeça de mulher e corpo de pássaro, ora com todo o busto feminino e a forma de ave, da cintura até os pés. Nas mãos têm instrumentos: uma empunha uma lira, outra duas flautas e a terceira gaitas campestres ou um rolo de música, como para cantar. Também são pintadas com um espelho. Nenhum autor antigo representou as Sereias como mulheres-peixe, como muita gente atualmente as representa.

Pausânias conta ainda uma fábula sobre as Sereias: "As filhas de Aqueló, diz ele, encorajadas por Juno, pretenderam a glória de cantar melhor que as Musas e ousaram fazer-lhes um desafio. Mas as Musas, tendo-as vencido, arrancaram-lhes as penas das asas e com elas fizeram coroas." Com efeito, existem monumentos antigos que representam as Musas com uma pena na cabeça. Apesar de temíveis ou perigosas, as Sereias não deixaram de participar das honras divinas. Tinham um templo perto de Sorrento.

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